terça-feira, 5 de junho de 2012

Tesouros perdidos

Um dia eu encontrei um tesouro.
Talvez a alguns não parecesse tão reluzente quanto o ouro ou tão forte quanto o diamante. O fato é que brilhava mais que um, valia mais que o outro.
E eu cuidei desse tesouro com todo o carinho e dediquei a ele muito amor, mesmo quando isso me custou uma ou outra lágrima - o que pouco aconteceu, porque estar com meu tesouro em mãos era sinônimo de muita alegria.
Eu estava tão feliz que achava impossível sê-lo ainda mais.
Eis que,inesperadamente,meu tesouro simplesmente duplicou!
A alegria se multiplicou, os sorrisos se transformaram numa infinita gargalhada... E eu,que achava que tinha toda a felicidade do mundo, vi que poderia ser mais e mais feliz, porque eu simplesmente tinha as coisas mais valiosas que alguém poderia desejar.
Mas o destino - ah, o destino! -sempre disposto a nos colocar em xeque, me colocou uma difícil tarefa diante dos olhos: escolher com qual dos tesouros eu deveria seguir.
A tarefa era cruel: eu sempre disse que nunca poderia escolher. Tentei ignorar o destino. Tentei fingir que não me incomodava com a decisão que ele me cobrava. Tentei até burlar o destino e arranjar uma opção. Mas eu não consegui.
Eu estava sozinha e o peso da decisão era meu. Só meu.
Qual dos tesouros eu deveria escolher?
Deveria ficar com o mais antigo? O que me ampara, me conforta, me faz sorrir e esteve comigo em momentos que marcarão para sempre minha vida?
Deveria ficar com o mais novo? O que me inspira cuidado, o que quero proteger, o que me faz sorrir e com quem idealizei escrever momentos incríveis pela vida afora?
Qual escolher, se eu amo os dois?
Como escolher, se escolhendo um, seria desleal ao outro?
E como não escolher, se me omitindo, estaria sendo desleal aos dois e a mim mesma?
E por amar meus tesouros e não ser capaz de escolher, resolvi deixá-los.
Ainda não parei para pensar na dor dessa escolha. Não sei o que esperar do futuro sem meus tesouros comigo. Entretanto, tenho que pagar o preço pela arrogância de achar que todas as soluções estão ao meu alcance.
Logo, tudo o que prometi não parecerá mais do que a mais torpe mentira e todo o bem que me foi oferecido será julgado grandioso demais para alguém que não o merece. Porém, somente eu saberei da dor em meu coração. E a lição estará aprendida, como o cachorro que fica sem sua carne, não por trocar o certo pelo duvidoso, mas por querer tudo e acabar sem nada.