domingo, 10 de abril de 2011

Poesia viva.

Quem anda pelos centros culturais,museus e outros pontos de divulgação da arte aqui no Rio, certamente já viu alguém vendendo sua arte nas entradas destes locais. Na maior parte das vezes são escritores, que reproduzem com simplicidade seus escritos por meio de xerox e as vendem àqueles que se dispõem a doar um minuto de seu tempo a quem tem algo a dizer.

Na sexta passada,8/04,encontrei um deles na Avenida Rio Branco(Rio de Janeiro,RJ),ali na Cinelândia,aquele lugar que transpira cultura.Chama-se Thiago e é Oliveira como eu.

Eu estava bem chateada,tensa pelos acontecimentos recentes que me abalaram mais do que eu esperava,além de estar apressadíssima,precisando chegar À Ilha do Governador às 18:30,quando já eram 17:30(mal sabia eu que só chegaria às 20-maldito engarrafamento!).Mas ainda assim parei para ouvi-lo.

O poeta me falou de sua arte e me apresentou sua publicação, pedindo que eu colaborasse com quanto achasse necessário. E acrescentou comentários a respeito do quanto se está superfaturando a arte nas livrarias da cidade. Thiago falou mais coisas,que meu cérebro combalido pela dor do inconsciente coletivo (Por assim dizer.Dos milhares que andavam pela rua,eu era a única a vestir preto.) não pôde reter muito, mas sua presença de espírito foi um bálsamo em meu dia. Folheei o material e vi lindos poemas,sensíveis,emotivos,complexos no sentimento porém simples na expressão. E por alguns minutos o meu dia foi feliz, porque um solitário artista me trouxe um pouco de poesia.

Contribuí com um mísero real,que o deixou contente e talvez pague o material usado,mas é nada diante do bem que me fez aquela breve conversa.

E fiquei pensando na beleza que é a pessoa apostar em seu potencial e divulgar sua arte corajosamente na rua levando, como ele disse,mais de cem 'nãos' até conseguir um 'sim'.Ele poderia estar engravatado trabalhando e contentar-se em divulgar sua poesia entre parentes e amigos. Mas seria feliz?

Que bom que ele escolheu outro caminho.Caso contrário,aquele dia não teria nem um minutinho de alento.


***


Eu sou

Cílio solto

No rosto

Do outro.

Pousado,

Descrente.


Eu sou

Cílio solto

Dos outros.

Do olho,

Soltei-me

Contente.


Eu sou cílio solto

Na face da gente

eu peso.

Não sente?


(In "Sobre o ciclo e os organismos"-Publicação independente de poesias e desenhos de Thiago Oliveira,um bardo/ o_bardo1984@hotmail.com)


Jane C. é professora,

escrevedora,

e acredita que a poesia

traz beleza à vida.













3 comentários:

  1. Pois bem, eu já havia comentado com você sobre a Terceira Visão, não? Nunca é acaso quando encontramos com pessoas e sim sempre o é causa pois temos certeiramente algo pra falar e sempre a ouvir destas pessoas. Mesmo que não imaginemos, está ai vossa prova.
    Renegar a marginalidade é outro erro - digo marginalidade não com nuances de espíritos baixos mas sim de espiritos excluidos - que os ditos importantes acham-se no direito. Aqueles que tem ouvidos, ouçam e os que tem olhos que ouçam e vejam o quão precioso é o que você presenciou, Madame e o quanto isso pôde engrandecê-la.

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  2. Aconteceu comigo quase a mesma coisa!
    Ele me abordou quando saia do CCBB e infelizmente eu não tinha nenhum centavo e mesmo assim ele me presenteou com o livrinho que o divulgava. Isso já tem um tempo e ontem mesmo fazendo uma arrumação, vi o livrinho e estou com ele em mãos e vim buscar no google sobre ele e achei os seus dizeres. Ele merecia um espaço maior, pena q no Brasil é difícil.

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  3. Oi, então eu encontrei com ele em frente ao CCBB e me interessei pelo que ele escreve estou construindo um site de varios escritores e queria muito citar ele mas antes de citar ele eu queria sei lá entrar em contato com ele e queria saber se vc tem alguma pag dele facebook sei lá alguma coisa pq eu estou super disposta em ajuda-lo

    espero sua resposta ansiosamente

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