quarta-feira, 30 de março de 2011

A morte

Pra começar,quero dizer que tudo o que eu vou escrever hoje pode ser extremamente leviano. Não que eu tenha a intenção. Simplesmente não vivi as dores necessárias para falar com conhecimento de causa.
Sim,porque vou falar de morte. Mas nunca perdi pai,mãe,irmãs,sobrinhos,então,não posso falar com certeza sobre essa dor,embora tenha vivenciado perdas que creio terem sido tão duras quanto seriam as citadas acima.
Mas vamos ao que interessa.
Acho curiosa a relação do ser humano com a morte. Uma vez que ela é a única certeza em nossa vida e que podemos morrer antes mesmo de nascer,acho estranho ver como a morte é encarada como tabu,injustiça e castigo.Penso que seria melhor tentar,pelo menos,vê-la como um fato,e não como uma pena,e conviver com ela de modo mais pacífico.
Não estou falando sobre aquelas coisas estranhas de andar em cemitérios,adorar coisas fúnebres,etc. Estou falando simplesmente do momento em que alguém vai.
Estou pensando nisso por causa do José Alencar.Não posso falar muito dele,pois não sou ligada em política(não por alienação,mas pela descrença em sua real capacidade para mudar meu país)e mal o conhecia.Há muito ouvia falar de sua luta contra o câncer,e toda vez que ele entrava e saía de um hospital eu pensava sobre até que ponto valia a pena viver esta eterna luta contra um mal que provavelmente venceria. Não é regra geral para lidar com doenças,claro,mas acho que quando o seu corpo já está tão debilitado é melhor uma partida tranquila do que uma batalha perene.
Enfim,a batalha acabou,e não acho que ele tenha sido derrotado. Acho que deveria haver um sentimento de alívio,não de pesar,afinal,ele cumpriu o que se espera da vida em seu final: encontrou a morte.Isso se aplica,claro,a quem já está em idade avançada. Não vale pra quem morre pelas mãos de assassinos,sofre fatalidades ou para quem está desesperado demais para enxergar uma saída. Falo do natural.Do tal ciclo,onde a única coisa eletiva é o "reproduzem-se".Eu,que mal aguento duas semanas de gripe,não imagino a força que é preciso ter para suportar 20 anos de câncer.Pois bem,após esse longo período de luta,com o corpo debilitado e o sofrimento de se perceber próximo da morte findado,a meu ver deveria prevalecer o sentimento de alívio pela pessoa que agora não mais está sofrendo. E isso se aplicaria a outras tantas situações.Nós,seres humanos,costumamos lidar muito mal com a morte.Lutos eternos,doloroso pesar e o desespero que desencadeia depressões e transtornos bipolares.É um paradoxo.Afinal,se para morrer basta estar vivo,como diria minha mãe,não seria mais lógico aprendermos a lidar com a perda das pessoas mais velhas e compreender que quando chegar a hora,terão cumprido sua missão?
Eu penso como a Hebe:não tenho medo de morrer,tenho pena,porque viver é muito bom.Se eu morresse jovem,ficaria muito furiosa,porque tenho muito a viver.Mas quando for uma velha decrépita,se combalida por doenças ou vivendo em sofrimento,melhor será encarar "a viagem" com naturalidade.Porque,afinal,é a única coisa realmente inevitável.
Não digo tudo isso para minimizar a dor alheia,nem para apressar os desesperados a conhecerem o "Nosso lar".É apenas uma sugestão de que se reflita sobre 'o passamento' de forma mais suave,amena,tranquila e com sabedoria.Afinal,como diria Albus Dumbledore,"para a mente bem estruturada,a morte é apenas a aventura seguinte".
Um beijo.E longa vida a todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário