domingo, 8 de maio de 2011

Mamãe,mamãe,mamãe...




Dia das mães!




Como de costume,liguei para a minha,que está há muitos quilômetros daqui,em sua terra natal-Sobral,/CE. Desta vez,sem choradeira ao desligar o telefone,porque ela estava super animada e,além disso,quando eu me identifiquei como "a filha do meio" ela teve que contar para saber quem era. Não que ela tenha uma penca de filhas,são apenas três. Mas ela se confundiu com a que faleceu há vários anos,então...Foi engraçado ver que ela não apenas se confundiu na ordem de chegada como não reconheceu a minha voz. Não que ela seja distraída, é que ao telefone minha voz é idêntica à da minha irmã.




Hoje passei o dia recordando como era na minha infância. Mãe era um negócio assim,tipo Deus. Era Ele no céu e ela do lado,tomando conta pra ver se O Cara não ia fazer besteira. Palavra de mãe era lei. Não podia ser contestada, colocada em dúvida,essas coisas. A mãe falava,tava falado. E ponto.




Lembro que eu detestava quando eu falava que eu queria ou não queria alguma coisa e minha mãe dizia: "VOCÊ NÃO TEM QUERER!". Dava uma raiva danada,mas era assim. E aquela história de "Quando eu fizer 18 anos..." que a gente dizia,prometendo ser dono do nariz ao completar maioridade? Mamãe mandava logo essa: "Enquanto morar debaixo do meu teto e comer da minha comida,você não se manda". TOMA! Escolher comida?Haha.Isso não existia. "O que tem é o que há",essa era a regra. Ou comia ou passava fome.Ou entrava na porrada,o que era mais provável acontecer com as filhas de dona Graça.




Nos meus tempos de criança,mães eram barraqueiras como são hoje. Não se podia mexer com os rebentos que o rebu começava. Mas as mães barraqueiras eram cuidadosas também. Ter filho esculhambado andando pela rua era motivo de vergonha, ninguém queria isso. Por isso a criançada andava arrumada e bem cuidada. A gente brincava horas na rua e lá pelas 17, 18 H as mães começavam a chamar: era a hora do banho,de sossegar a bunda em casa vendo TV, depois a janta e enfim,dormir. Cedo. Porque no dia seguinte tinha aula. Quando ficávamos maiores,podíamos ficar até mais tarde na rua com os amigos, mas às 22H começava a sinfonia: Daiane!Bebete!Wanessa!Jonas!Elton!Edinéa!Diego!Eram as mães chamando os adolês,cansados dos pique-escondes e de tacar pedras em tetos de zinco(e sair correndo) para dormir.




Mãe tinha poder no olhar e mão pesada. Geralmente elas davam uma advertência quando fazíamos bobagens, e era só um olhar,um carão feio. Quando a gente abusava,aí...Bolachão,pra largar de ser besta!E não tinha essa de encarar a mãe e invocar o Estatuto da Criança e do Adolescente não(aliás,os poucos que se atreviam a isso tinham como resposta a ameaça de engoli-lo em breve)!Apanhou,o máximo que acontecia era esperar o pai chegar e fazer fofoca pra ele.Não raramente,para ouvi-lo dizer:se sua mãe te bateu é porque alguma merda você fez.




Aaah,as mães de antes...




Hoje em dia é tudo diferente. Neguim responde a mãe com o mesmo tom e palavras que usam com os amigos da gandaia. Criança pequena já grita com a mãe,bate nela,"eu queeeeeeeeeeeeeroooooooooo!",escolhe o que quer fazer,a hora que vai dormir,até a roupa que vai usar pra ir à escola. E,salvo honrosas exceções,mães hoje em dia não se importam se o filho está mulambento pela rua. Aliás,hoje em dia mãe só é mãe com certeza por 9 meses. Depois que o filho nasce, a maternidade vira opcional.




Enfim...Pra quem tem ou teve uma mãezona como a minha,um FELIZ DIA DAS MÃES! Aproveitem suas mães,curtam,amem. Porque ter uma boa mãe,hoje em dia, é privilégio para poucos.

*Na foto,eu e dona Maria das Graças,ou Dona Graça,como é mais conhecida. Nós duas em Sobral,terra que aprendi a amar desde pequena. Minha mãezinha amada,que sempre me constrange dizendo que eu sou uma filha maravilhosa.Ah,mamãe...Se eu fosse mesmo,nosso dia das mães teria abraços e beijos ao vivo.


2 comentários:

  1. Adorei o post, Jane!
    Emocionante. =]
    Eu também tenho uma mãezona! Não sei o que faria sem ela na minha vida.
    Beijoos! Pretendo aparecer por aqui mais vezes. =]

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  2. Conheço agora a face de quem devo agradecer, junto a Mestre Carlão, por você estar com a gente. Linda sua história e vindo de você sei que cada palavra é unica e dotada de um carater extraumano.
    Eu tenho uma boa mãe, que deve ser ótima, eu não aprendi ainda a entender estas coisas.
    Cuide-se, querida. E quero conhecer sua mãe também para agradecê-la pessoalmente e dizer à sua presença, "é, a senhora tem razão, a Jane é maravilhosa.".

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